Alicante Bouschet
Alicante Bouschet |
A chegada ao AlentejoNão se sabe ao certo quando a casta Alicante Bouschet chegou pela primeira vez ao Mouchão. Poderá ter sido quando a Herdade ainda estava arrendada, mas o mais provável é ter coincidido com a chegada dos porta-enxertos americanos, por volta de 1880, na altura em que João e Isabel construíam a sua propriedade. Sabemos que João entrou em contato com o lendário viveiro "La Calmette", perto de Montpelier, com o intuito de aproveitar as revolucionárias inovações vitivinícolas no sul da França na época, pois era em “Midi, não em Bordéus ou Borgonha … que ocorreu o maior progresso técnico na produção de vinho no século XIX ” (Rosemary George, MW). Durante várias gerações comentou-se que dois professores de Montpellier com o mesmo sobrenome - possivelmente irmãos - visitaram o Mouchão ao redor desta época, trazendo varas desta nova variedade de casta tintureira com eles. Apesar de se ter focado no negócio da cortiça durante cerca de meio século, o papel de William Reynolds como Presidente da Comissão Nacional de Philoxera em 1882, mostra que a família mantinha fortes laços com a viticultura portuguesa daquela época. Alicante Bouschet é hoje uma das castas tintas mais conceituadas em Portugal... e de Portugal. Dos 2.800 hectares de Alicante Bouschet plantados em Portugal, 70% encontram-se no Alentejo. Nas palavras de Jancis Robinson, hoje em dia, "no Alentejo... o Alicante Bouschet é cada vez mais popular graças ao Mouchão". |
Henri BouschetHenri Bouschet (Jean Joseph Marie Saturnin Henri Bouschet de Bernard, 1815-1881). Começou a refinar o legado de seu pai, levando a cabo uma polinização cruzada entre o Petit Bouschet e variedades de baixo rendimento a crescer nas encostas do Midi, em França – como Morrastel, Carignan ou Alicant de l’ Hérault – e outras variedades mais produtivas das planícies férteis, como as castas Terret e Aramon. Mas foi ao cruzar a Petit Bouschet com a Alicante, ou Grenache (a que os Franceses chamavam Garnacha de Espanha) que conseguiu alcançar a qualidade que há muito ambicionava. Por sorte ou destino – ou talvez devido a ambos -, criou provavelmente a mais nobre e tintureira uva vinífera existente. Com as condições de clima e solo favoráveis, esta nova casta – Alicante Bouschet – haveria de demonstrar intensidade, complexidade, ‘finesse’ e um enorme potencial de longevidade. Estranhamente, o seu sucesso foi curto e relativo no clima quente e por vezes húmido do Midi francês. Em contrapartida, prosperou nos climas mais quentes e secos de Portugal e Espanha, que hoje possuem cerca de 60% da casta Alicante Bouschet plantada a nível mundial (em Espanha, com a designação de “Garnacha Tinturera”). A primeira vez que Henri Bouschet criou a sua nova “teinturière” terá sido já em 1855, e crê-se que a vinha da Dourada mostrada no mapa de 1894 (ver mapa abaixo) já incluía Alicante Bouschet. |
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